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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

BULLYING: SEMPRE FRUTO DE OMISSÃO-II

Que a intervenção coletiva---nas situações que costumam evoluir para o assédio continuado nas escolas---é a maneira mais efetiva de bloquear sua evolução, parece-nos muito evidente. Segundo nossa impressão, aliás, é com a desmoralização provocada repetidamente em alguns, que um pequeno grupo consegue intimidar e controlar os demais. É o medo de atrair o assédio sobre si que faz com que a maioria se cale e se omita. Com isso, entretanto, e sem nos darmos conta, todos estamos também sofrendo sérias limitações na nossa expressão.

O medo costuma ser a maior fonte de inibição. Ou seja: o bullying atinge, necessariamente, a todos os que estão à volta.
Pode alguém, então, duvidar de que um sentimento de compromisso generalizado, entre as pessoas de uma sociedade qualquer, eleva a confiança e o bem estar de quase todos individualmente? Não precisamos enveredar por excessos de idealizações, mas a descida até as raízes de alguns problemas, no mínimo, dá sustentação à argumentação. É na escola que essas questões são mais intensamente exercitadas, afinal, costuma ser a primeira situação na qual as crianças ficam distantes da intervenção de seus pais, e por muito tempo.

Nesse processo de convencimento das maiorias em relação à importância do seu próprio papel, o mais ativo e efetivo há de ser o das meninas e moças. Onde a força bruta só faz agravar os problemas, uma intervenção feminina costuma funcionar, e muito melhor. É bom não esquecer: na natureza, os maiores conflitos (dentro da mesma espécie) se dão em função do recebimento da atenção das representantes do sexo feminino. Isso lhes confere um poder que a humanidade talvez não tenha explorado suficientemente. Deve fazer pensar, a relação: poder feminino/interações sociais menos agressivas, observada nos países escandinavos. Evitemos, porém, relações simplistas de causa e efeito. Em nossas discussões, costumamos pensar apenas no papel dos profissionais; fazemos discussões entre os profissionais, mas quem sabe se a formação de Conselhos de Alunos para identificar, discutir e traçar metas "anti-bullying" e/ ou de reinserção, para colegas que estejam nessa situação, não ajudaria?

Pensamos permanentemente no assédio, mas esquecemos de uma outra possibilidade, igualmente (ou ainda mais) traumática: o total isolamento e a situação na qual a pessoa sequer é vista pelos demais. Disse, em seu manifesto, um universitário coreano que matou 32 colegas nos EUA: todos tiveram inúmeras oportunidades para me olhar e dar atenção. Todas, entretanto, irremediavelmente perdidas. Há algumas décadas, usava-se a expressão  "É o pele da turma", para designar o mais humilhado do grupo. Não deixava de ser uma forma de inserção; um tanto perversa, é verdade, mas uma inserção. Para alguns, aquela era a única chance de ser aceito em um grupo. Essa é uma das razões pelas quais atitudes de super-proteção podem ser desastrosas, elevando a carga dessa mesma humilhação. Nem todo assédio caracteriza um bullying.

O jornalista Arnaldo Bloch---que tem como princípio dizer o que pensa e não o que os outros querem ouvir---quando do clamor que se seguiu ao massacre de Realengo, e foi dada importância ao bullying sofrido pelo atirador, fez uma curiosa e interessante "defesa do bullying". Com a sinceridade que lhe é peculiar, disse tê-lo sofrido e que isso fora muito importante no seu crescimento e afirmação pessoal. Quando, um dia, enfrentou um dos "assediares", não só passou a ser respeitado, como se tornou amigo de muitos dos que, até então, o maltratavam. Havia, entretanto, uma enorme diferença entre a situação por ele relatada e a que cercou o rapaz de Realengo. Uma provocação pode ser uma espécie de "ritual de passagem" de modo a fazer surgir um valor. O rapaz de Realengo, entretanto, e por diversas vezes, foi colocado em latas de lixo e teve sua cabeça enfiada em vasos sanitários. A única "passagem" que se poderia perceber nisso, seria para a morte. "Gritavam-lhe" ao ouvido: "V. não tem espaço (nem direitos) nesse mundo!". Teria sido bem melhor, é verdade, que tivesse  levado sua dor solitariamente para o túmulo, mas não foi o que aconteceu.

Um outro interesse havia no texto do jornalista: a libertação dos cuidados excessivos da mãe. Essa talvez seja a marca, aliás, de todos os rituais de passagem: libertação dos excessos de cuidados maternos. Quem pode diminuir a importância desses cuidados? Tudo o que é por demais importante, contudo, apresenta riscos proporcionais. No caso, um efeito inibidor muito perigoso. Mesmo aqueles que não aceitam essas idéias, não podem desconhecer os efeitos prejudiciais das intervenções de feitio maternal e super-protetor nas situações de assédio continuado.

Estamos convencidos, além disso, de que há um ambiente indutor do bullying em muitas das escolas que é "insalubre" para todos, do ponto de vista das relações humanas. Com uma frequência enorme, a escola perde o referencial de promoção de cidadania, o que implica, principalmente, promoção da nossa cultura. Dessa forma, e com frequência, a escola se transforma em ambiente gerador de competição predatória e antihumana. Não viemos ao mundo apenas para "tirar boas notas". Quem foi reprovado, não "perdeu o ano", ou sequer "levou bomba". Como diz o samba, nessas situações: "Ninguém morreu", ou, se morreu, foi por suicídio, induzido pelo sentimento de vergonha provocada pelos pais e professores. Nossa felicidade e afirmação pessoal não são medidas por números.

A tragédia de Realengo gerou pelo menos uma bela consequência, cuja consistência e permanência não temos como verificar: a promoção intensa de atividades culturais na própria escola. Por que, aquilo que acontece em dias muito especiais---em geral depois de grandes tragédias---não pode servir como referência para uma prática permanente? Como contrastam a Londres dos distúrbios, "quebra-quebras" e incêndios, e a Londres das imagens do povo dançando e se abraçando, quando da vitória na Segunda Grande Guerra!

"...Era uma canção,/Um só cordão, uma vontade/De tomar a mão/De cada irmão pela cidade/No carnaval, de esperança/ Que gente longe viva na lembrança/Que gente triste possa entrar na dança/Que gente grande saiba ser criança..."- "Sonho de Carnaval" C. Buarque

Que esses ambientes só se possam formar depois de grandes tragédias, soa como uma legitimação dessas mesmas tragédias. Se o cotidiano das cidades implica, necessariamente, o afastamento entre as pessoas e o sucumbir generalizado sob o peso do egoísmo---consumir e acumular riquezas---então precisaremos sempre de tragédias, pessoais e/ou coletivas.

Por fim: o valor e o poder da diversidade e a importância de acolher e procurar pelo diferente. Aqueles que sofrem bullying são, frequentemente, vistos como "diferentes". Será que não é hora de promover exatamente um interesse pelo "diferente" e reconhecer nele um valor? A natureza busca a diversidade. C. Baudelaire (1821-1867), depois de elogiar muitos artistas que tinham um perfil muito diferente do seu, e quando questionado quanto ao porquê, respondeu: "Por que procurar e louvar aquilo que se tem em quantidade quase supérflua? Como não exaltar o que nos parece mais raro e difícil de adquirir?". Temos, em nossa terra, uma enorme vantagem em relação a outras nações e povos: nascemos e crescemos sob o signo da diversidade. Faltava apenas descobrir nisso um valor. Assim como as crianças, precisamos muito da aprov ação de outros povos. Esse reconhecimento tem vindo, finalmente. Nosso risco de, com isso, enveredar por sensações de "superioridade" é pequeno. Se há alguma "superioridade" entre nós, ela está na capacidade de acolher, na disposição à alegria e no não querer ser superior a ninguém. Pensando bem, aí talvez resida alguma superioridade.

¹O assédio é apenas mais uma das disposições humanas. Que ele evolua para o bullying, é sempre consequência da omissão. Tantas citações de B. Brecht ( ) não são por acaso. Nunca a humanidade esteve ameaçada por um exército de "minotauros" anticultura e anti humanidade quanto aquele que também o expulsou de sua terra natal.

Márcio Amaral, vice-diretor IPUB-UFRJ, Prof. Adjunto UFRJ e UFF


Fonte: http://www.ipub.ufrj.br/portal/index.php?option=com_k2&view=item&id=191:bullying-sempre-fruto-de-omiss%C3%A3o-ii%C2%B9&Itemid=264

BULLYING: SEMPRE FRUTO DE OMISSÃO - I


(Da participação na M. Redonda "Como Combater o Bullying"- H. Jesus, RJ, 29/jul/11- org: Gilberto Ferreira)
Márcio Amaral, vice-diretor IPUB-UFRJ, Prof. Adjunto UFRJ e UFF


Costumamos implicar com termos e expressões inglesas, especialmente quando substituem algumas que soam muito bem em nossa língua¹. Em relação ao termo bullying, entretanto, mais do que sua aceitação, faremos uma defesa apaixonada do seu uso, pois fornece um dos melhores instrumentos para sua desmoralização: deriva de BULL (touro), imagem sempre associada à força bruta e irracional e às expressões de seres, digamos assim, "quase humanos".
 
Se há algum simbolismo elevado nas touradas espanholas, ainda que históricamente, ele deve ser procurado na afirmação da capacidade humana de vencer a força bruta e irracional. Melhor ainda é a alegoria contida no mito do minotauro (parte homem, parte touro) que, por seu hibridismo, precisava de carne humana para se alimentar de maneira insaciável. Algo parecido acontece no bullying. Substituamos a carne pela alma; lembremos das expressões f isionômicas um tanto esvaziadas dos que o sofrem, e tudo fará sentido.

Antes de tudo, há que assinalar: no bullying, só identificamos vítimas.
 
Costumamos nos horrorizar com as histórias de assédios e maus tratos, cometidos contra pessoas ou povos inteiros. Condenamos essa conduta de forma veemente. Mas nos calamos a respeito das únicas pessoas que poderiam ter feito parar, tanto as pequenas maldades repetidas do cotidiano, quanto as "rodas da barbárie": as pessoas comuns, ou seja, nós mesmos. Calamo-nos e assistimos os acontecimentos como se aquilo não fosse conosco.

"Primeiro vieram buscar os comunistas/Mas eu não protestei porque não sou comunista/Depois vieram buscar os judeus.../...Os ciganos.../Por fim, vieram me buscar/E não havia mais ninguém para protestar" B. Brecht

Não estamos dizendo que todos têm que ser heróis ou coisa parecida. Não é necessário! Basta que cada um expresse, à sua própria maneira e segundo o seu estilo, o mal estar que sente com a situação. Por vezes, basta um olhar firme para que as coisas tomem um outro rumo, até porque, logo outros tenderão a ser solidários. Inaceitáveis mesmo, são o sorriso constrangido e falso ou o "fingir não tomar conhecimento".

A primeira omissão costuma partir dos profissionais da área: professores e funcionários das escolas, cuja atenção costuma ser mais voltada a evitar "bagunça e agitação". Uma professora da turma do atirador de Realengo, disse que sabia do assédio que ele sofria, mas que estavam mais preocupados com os "bagunceiros"². A preocupação permanente com o problema e um olhar atento SEMPRE identificam o início e evolução dessas situações de assédio continuado. Por definição, a humilhação busca a publicidade e só atinge seu objetivo plenamente quando torna pública a "inferioridade" de alguém, grupo ou povos inteiros. Se podemos fazer uma sugestão, baseada em observações ouvidas de professores, estamos convencidos de que uma observação dos acontecimentos durante os recreios, certamente identifica o problema com clareza e rapidez. Não deve haver desculpas para a OMISSÃO.

Um considerável complicador, deriva da tendência de muitos professores a ter como referência, para suas aulas, apenas os "alunos-modelo", esquecendo-se dos demais, ou os hostilizando (e, nos dias que correm, sendo por eles também hostilizados). Isso pode agravar muito as possíveis situações de bullying, seja por ciúmes, seja por inveja, além de predispor (contra as possíveis vítimas) alunos não envolvidos com o assédio. Com isso, retira-se, ainda, a sua maior fonte de apoio, como veremos adiante.

No que se refere à atuação dos profissionais junto aos alunos, há que dividir esses últimos em três grupos: os que SOFREM, os que PROMOVEM e os que ASSISTEM o assédio. As atuações junto aos que SOFREM, durante a situação, além de pouco produtivas, apresentam o risco de reforçar um papel de "pobrezinho". O objetivo da atuação não deve ser apenas fazer parar o assédio momentaneamente, mas também gerar capacidade para enfrentar outras situações no futuro. A mera proteção individual não deve ser um objetivo final. Discursos, dirigidos aos que sofrem, exigindo ENFRENTAMENTOS, também não devem ser tomados como regra, sob pena de aguçar ainda mais a sensação de impotência. Seria uma espécie de assédio na outra ponta. Há pessoas para as quais certo tipo de conflito é absolutamente impossível. Aceitável, nesse caso, pode ser uma informação sem cobranças: "Já vi situações em que, depois d o enfrentamento, e mesmo tendo apanhado, a pessoa passou a ser respeitada e o assédio parou!".

Interessante, como uma espécie de experimento de investigação psicológica foi o que fizeram duas adolescentes assediadas continuamente por um grupo na escola. Combinaram andar sempre juntas e, assim que encontrassem uma das assediadoras sozinha, tomariam a iniciativa do deboche ostensivo. Quando o fizeram, o desconcerto da outra teria sido enorme o que as reforçou bastante. Diríamos que ninguém está imune a se abalar seriamente diante de um deboche provindo de um grupo qualquer. Além de um tanto imoral, entretanto, uma orientação do gênero poderia causar um mal ainda maior, uma vez que, fazer algo contrário à própria índole, pode ser muito prejudicial.

Intervenções de convencimento e esclarecimento junto aos que PROMOVEM o bullying, especialmente quando dirigidas aos líderes dos grupos, não são muito efetivas, embora devam ser feitas. Podem inibir a ação momentaneamente, mas logo tudo tenderá a voltar a acontecer. Há que se observar e reparar naqueles que apenas seguem os líderes por medo e submissão. Nesses está o ponto fraco do grupo e é onde sua unidade pode ser quebrada. O bullying praticamente nunca ocorre sem alguma platéia e sua típica estrutura hierárquica (semelhante à observada entre prisioneiros e grupos de primatas confinados, em geral). Há que desmoralizar qualquer "glamour" que se possa associar ao assédio e, para isso, há que estimular a independência dessas pessoas em relação à liderança dos assediadores. É bom nunca esquecer de que, por definição, estamos falando de menores de idade: pessoas com personalidade e caráter em formação³. Não compartilhamos do espírito de ódio e vingança veiculado em matéria da "Veja": "Abaixo a Tirania dos Valentões".Estamos convencidos de que todos têm a ganhar com a inibição do bullying, inclusive aqueles que o promovem. De uma certa forma, eles "não sabem o que fazem" (embora as responsabilidades devam sempre ser cobradas).

"Em minha parede há uma escultura japonesa em madeira/Máscara de um demônio mau, coberta em esmalte dourado/Atentamente, observo as veias dilatadas da fronte, indicando/Como é cansativo ser mau!" B. Brecht, "A Máscara do Mal"

(CONTINUA)

¹O que dizer das palavras que o inglês tomou do latim (através do francês, na sua maior parte), estropiou e nos "devolveu"? Eventually, actually, ediction e tantos outros, são exemplos. Temos ouvido "eventualmente" (mas com muita frequência) sendo usado de uma maneira que, em português, é completamente errada. Só perguntando: "Eventualmente, vamos todos morrer?". Já em relação ao verbo DELETAR, curiosamente, temos que agradecer aos ingleses o retorno do delere no seu sentido original: Dele iniquitatem mean ("apaga a minha injustiça", S 51); indelével (aquilo que não se apaga).

²Algo de parecido acontece nas famílias, onde algumas depressões são negligenciadas, mas quando surgem as primeiras manifestações de uma possível hipomania---com suas típicas atitudes "pouco convenientes"---logo adotam providências, nem sempre razoáveis.

³A melhor maneira de destruir um bom conceito é sua utilização sem critério. O termo deve ser aplicado apenas a menores de idade e, preferencialmente, restrito às escolas. Há certas situações, em condomínios, ruas e clubes que muito se assemelham ao bullying. À procura de um bom critério, sugerimos: situações e ambientes dos quais a pessoa não tem como evitar ou escapar.

Márcio Amaral, vice-diretor IPUB-UFRJ, Prof. Adjunto UFRJ e UFF

Fonte: 

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Bullying no trabalho ou assédio moral? Trabalhador pode denunciar!!!!

Os motivos que levam o trabalhador a procurar a Justiça do Trabalho podem variar. Recentemente, além das causas comuns, o judiciário vem se deparando com o crescimento de processos que tratam especificamente de bullying no trabalho.

Solicitar relatórios com prazos apertados, delegar tarefas que façam com que o funcionário ultrapasse sua jornada de trabalho, não valorizar os esforços, criticar constantemente, constranger o funcionário na frente dos colegas de trabalho, pedir para que pessoas que ocupam cargos que tenham grande responsabilidade executem tarefas triviais, obrigar o empregado a repetir uma mesma tarefa repetidas vezes, podem ser exemplos dessa situação.

Muitas vezes o stress do dia-a-dia acaba fazendo com que as pessoas que ocupam posições de chefia, em algumas empresas, abusem desse poder e ultrapassem a linha do permitido, cometendo assédio moral, também conhecido como bullying.

Psicólogos acreditam que por ser uma situação que só começou a ser divulgada recentemente, nem sempre as próprias vítimas estão cientes da agressão. “Vivi isso durante muito tempo, era coagida dentro da empresa que trabalhava, sofria agressão psicológica. Passava muito mal, desenvolvi uma gastrite nervosa, tudo por conta dos abusos que sofria. Quando procurei ajuda, descobri que estava sendo vítima de bullying no trabalho”, explica a administradora, M. S.


Demissão

De acordo com ela, os abusos que sofria no trabalho eram tantos que comprometeram sua produtividade, fazendo com que ela pedisse demissão. “O objetivo do agressor é forçar o funcionário a desistir do emprego, e com isso não conseguimos receber alguns dos direitos trabalhistas. Quando decidi procurar ajuda de um psicólogo, eu percebi que precisava também da ajuda de um advogado para processar a empresa em que trabalhava”, explica M.S.

Constrangimento

Nesses casos, segundo Andrey, o trabalhador pode processar o empregador por danos morais. “A justiça já vem julgando casos onde este empregado, que sofreu constrangimentos na empresa, moveu ações de danos morais e saiu vitorioso. As empresas são condenadas a ressarcir o empregado pelos danos e exposição a que ele foi acometido”, esclarece o advogado que lembra ainda que no caso de causas trabalhistas, o cidadão tem até dois anos, contando a partir da data da rescisão do contrato, antes da prescrição da reclamação. 
Fonte: 
http://www.primeirapagina-to.com.br/noticia.php?l=f89599ba72a03ceda7e15a2b69a89921

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Agressores e vítimas formam esquadrão anti-bullying em escola na periferia de São Paulo


É hora do intervalo na escola estadual Jornalista David Nasser, no Capão Redondo, em São Paulo. Ao perceber que um amigo estava sendo ofendido - de novo - por termos como "bicha" e "viadinho", Amanda Soares do Nascimento, 13, resolveu partir para a briga. O grupo agressor revidou e, para não apanhar, Amanda e o amigo sairam correndo. Depois, eles tiveram de ser "escoltados" por um professor para evitar qualquer tipo de vingança. A cena, que era comum há um ano, virou caso raro.

            Acessem o site http://bit.ly/nFqQLa para assistirem as imagens

Atualmente, vítimas e agressores fazem parte do mesmo grupo e divulgam pela escola a importância da tolerância e do respeito pela diferença. Dois estudantes de cada classe são escolhidos para integrar esse tipo de esquadrão contra o bullying e outras violências na escola. A ideia é resultado da combinação de dois programas -- o JCC (Jovens Construindo a Cidadania), promovido pela PM (Polícia Militar) e outro, da secretaria estadual de Educação, que institui a figura do professor-mediador [de conflitos] -- por meio de dois profissionais: a professora-mediadora Fabiana Laurentino da Silva e o policial militar Fausto Alves Ramalho.

Pode crer

 

Os alunos desenvolvem discussões, produção de propagandas e apresentações culturais. Para pôr fim aos maus-tratos, o teatro e a música mostraram-se bastante eficientes. O funk, ritmo apreciado por muitos, ganhou uma letra específica para o tema, redigida pelos próprios alunos. Diz um trecho: “a amizade é muito boa, estamos na escola para aprender. O bullying é muito errado e nisso você pode crer”.

Além de acalmar os ânimos, o contato com a arte e o fato de encontrar meios de se expressar revelou alguns talentos. Gustavo Soares da Rocha, 15, por exemplo, é o centro das atenções com as músicas que toca para difundir ideias de tolerância. Antes do programa, o garoto era o terror da escola -- com histórico de depredação do prédio e brigas com os colegas. "[Fazia aquilo] para fazer graça e ganhar respeito dos outros", conta. "Mas tem outras maneiras de fazer isso", explica.

Até agosto deste ano, o grupo se reunia em horário de aula, mas passou a fazer parte do conjunto de atividades extracurriculares. Os professores e a direção avaliaram que os estudantes não podiam abrir mão desse tempo em classe, apredendo as matérias do currículo.

De agressor a exemplo

 

Combinando as iniciativas, Ramalho e Fabiana têm trabalhado para tornar os causadores dos maus-tratos em combatentes da violência. Eles aproveitam o potencial de liderança e mobilização dos antigos agressores, usando essas características para evitar o bullying.

Maria Luiza Goes, 13, já experimentou os dois lados. Pernambucana, a menina debochava dos colegas estudiosos, perseguindo-os e chamando-os de "nerds" quando morava no Nordeste. Quando chegou à capital paulista, ela passou à posição oposta: “Fui chamada de nerd várias vezes”, conta. Depois de ter entrado no grupo, ela, que já havia se arrependido do que fazia na antiga escola, tenta passar sua experiência aos outros para que a história não se repita.

A história de Laiane Lopes Neres, 12, é parecida: ela já foi vítima e agressora. Ao representar uma personagem que se enforca por causa das seguidas agressões, a aluna se emociona e chora ao lembrar dos sentimentos que vieram à tona. “Nunca imaginei como seria estar numa situação assim”, afirma.

Diálogo

 

O grupo sabe de cor o que é bullying: “agressões físicas ou verbais repetidas que podem levar à depressão e até ao suicídio”. A definição, burocrática, ganha outras cores com casos como o de Mateus da Conceição, 13, que fala pelos cotovelos e não tem problemas para se expressar em público. Quem o vê hoje em dia não imagina que já sofreu depressão, parou até de comer e cogitou o suicídio. “Era tão humilhado que perdi a vontade de tudo”, conta. Para descontar a tristeza que sentia, resolveu atazanar um colega. “Puxava o cabelo dele, batia até deixar a cara roxa. Hoje vejo que coisa horrível eu fiz”, conta.

Para esses alunos, o grupo anti-bullying representou o fim de uma longa e triste história. “Agora sei que nunca deveria ter partido para a agressão”, diz Amanda. A intenção é justamente essa: substituir a violência pelo diálogo na resolução dos conflitos entre as crianças e os jovens -- conflitos esses que sempre vão existir.

“Queremos também mostrar à vítima que ela tem com quem contar dentro da escola”, diz Fabiana que sempre tenta colocar agressores e vítimas frente a frente para ajudá-los a resolver os conflitos. Muitas dessas duplas acabam se tornando amigos, como é o caso de Juliana Neres, 15, e Gustavo Soares da Rocha, 15. O garoto costumava xingá-la "por causa dos cadarços coloridos que [ela] usava". Atualmente, eles não se desgrudam e têm o hábito de realizar longos duelos ao estilo Harry Potter.

A turma está pensando agora em promover uma passeata pelo bairro para promover a luta contra o bullying. Eles querem até chamar uma fanfarra para animar a caminhada. Também negociam uma participação no programa “Altas Horas”, da Rede Globo, para mostrar o trabalho desenvolvido. “Vamos levar a discussão a outras escolas e até a países estrangeiros, pois o bullying não é um problema só do Brasil”, diz um dos alunos, apoiado em seguida pelos outros.

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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Fuga extrema da violência


Suposta vítima de bullying, estudante se joga do primeiro andar em escola. Polícia vai investigar caso


A atitude desesperada do aluno L.V., 15 anos, do Colégio Marista, que pulou do primeiro andar da escola na manhã de ontem, despertou uma discussão em Natal e na internet sobre o bullying nas escolas. O termo bullying - utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica praticados por um indivíduo ou grupo causando dor e angústia - chegou a ocupar o topo da lista dos assuntos mais comentados no Twitter em Natal. Apesar da diretoria do Marista não confirmar o motivo que levou o adolescente a pular do primeiro andar do prédio, colegas e pai de outros alunos comentaram, em entrevista ao Diário de Natal, que L.V. seria vítima de bullying na escola. Foi registrado um boletim de ocorrência na 1ª Delegacia de Polícia e o delegado Elivaldo Bezerra Jácome será o responsável pela investigação.


De acordo com a nota oficial da escola, o estudante do 8º ano do Ensino Fundamental, sofreu uma fratura no braço direito e um corte no queixo e foi levado consciente parao Hospital Walfredo Gurgel. Informações extraoficiais dão conta de que o adolescente teria saído da sala de aula, no fim da manhã, justificando que iria ao banheiro, em seguida ouviu-se um barulho e o garoto foi encontrado no pátio interno. No Twitter, uma estudante, que se identificou como colega de L.V. postou: "Eu to me tremendo muito... Meu deus", "Aqui na sala todo mundo chorando, que ele esteja bem, eu espero!", e em seguida "@lilataraujo ele pediu p ir no banheiro, e a gente só escutou o barulho... Ai ta todo mundo chorando aqui".
 
A mãe de uma estudante do 9º, que preferiu não se identificar, contou que o clima foi de desespero entre os alunos que não sabiam exatamente o que tinha acontecido e ficaram impossibilitados de sair da sala de aula até o término da perícia. Segundo ela, era de conhecimento de todos que o adolescente sofria bullying no colégio, já que o garoto era "perseguido" há muito tempo dentro dos limites da escola. "Como mãe eu estou muito triste com essa situação porque o Marista é um colégio religioso, que sempre dá palestras e procura passar para os estudantes um conteúdo de respeito ao próximo", disse.

Na internet as especulações eram muitas, mas ninguém sabe de fato o que levou o adolescente a pular. Logo após o acidente, um dos estudantes, postou mensagens em seu Twitter (@GeraldoCLeao) que apontam para a suspeita de bullying. "@heitorteixeira_ @_tacyanac @juliatinoco_ Disseram q teve um pessoal q começou a xingar (...) acho q foi por isso", "@heitorteixeira_ Acho que juntou tudo na cabeça dele, ele começou a pensar só nas coisas ruins e aconteceu isso". O twitter identificado por Comissão Marista escreveu a mensagem "Bullying: uma brincadeira que acaba em lágrimas. #PrédeMaisRespeitoeConsciência.

Investigação

Para o delegado Elivaldo Jácome, responsável pela investigação do caso, "ainda é muito cedo para fazer qualquer afirmação, nós vamos iniciar as primeiras investigações", disse. O promotor da infância e juventude, Leonardo Dantas Nagashima, informou que a princípio o MP não irá tomar nenhuma medida em relação a esse caso específico e esclareceu que a promotoria de educação realiza palestras acerca do tema violência escolar.






Campanha contra o Bullying

 

Dia 27 de agosto acontece ato público contra bullying e a violência infantil na Av. Paulista

Ação marca o lançamento da campanha nacional que há 10 anos luta contra a violência à mulher, ao idoso e à criança. Em 2011, o projeto Quebrando o Silêncio enfatiza o combate ao bullying.


No dia 27 de agosto às 15h vai acontecer uma ação na Avenida Paulista, no pátio do Trianom Masp. A mobilização voluntária marca o lançamento da campanha nacional Quebrando o Silêncio em 2011. “Violência, acabe agora com isso” será o principal apelo estampado em faixas, placas e camisetas durante as ações contra o bullying.

A ação será feita por centenas de jovens voluntários, envolvendo flash mob, um mural manifesto e a distribuição, para quem interessar, de revistas com orientações, pesquisas e entrevistas sobre o tema. O projeto Quebrando o Silêncio acontece em parceria com a rede de Colégios Adventistas em São Paulo, envolvendo milhares de professores, pais e alunos das escolas no combate ao bullying.

Dados da pesquisa Bullying escolar no Brasil, publicada em 2010 pela ONG Plan Brasil, mostram que no país cerca de 70% dos estudantes dizem já terem presenciado cenas de violência em suas unidades de ensino. Ainda de acordo com o levantamento, quase metade dos estudantes do Sudeste do País (47%) já viu algum colega sofrer bullying, definido como uma agressão feita de forma sistemática, praticada pelo menos três vezes contra a mesma pessoa num mesmo ano.

Mural Manifesto

Um mural de 30 metros será exposto próximo ao Trianom Masp, onde vai acontecer a ação. Em apoio ao projeto, as pessoas poderão deixar a marca de sua mão, formando um grande símbolo contra a violência.
Autoridades civis, membros dos conselhos tutelares de São Paulo e especialistas no assunto foram convidados para participarem do manifesto.

Manifesto público

27 de agosto às 15h
Av. Paulista – Trianom Masp

Ações no semáforo

22 e 23/08 das 9h às 10h e das 15h às 16h
Av. Paulista – em frente ao Trianom Masp
Voluntários divulgando a campanha com a camiseta: “Bullying. Acabe agora com isso!”

Para participar

Os paulistanos também são convidados a juntarem-se ao grupo nesta manifestação. Basta vestir uma camiseta branca, levar os amigos e dizer não à violência. Mais informações podem ser encontradas no site da campanha.

Fonte: http://bagarai.com.br/dia-27-de-agosto-acontece-ato-publico-contra-bullying-e-a-violencia-infantil-na-av-paulista.html



A Campanha

 

 

Violência. Dor. Sofrimento. Infelizmente, esta é a realidade de muitos sul-americanos. Consciente do seu papel social, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, através do departamento dos Ministérios da Mulher realiza, há 8 anos, a campanha “Quebrando o Silêncio”. É uma iniciativa que oferece informações e soluções para quem é vítima e, procura também, dar oportunidades de resgate para quem é agressor. A campanha se desenvolve durante todo o ano, mas tem o seu ápice no 4º sábado de agosto, que é destacado como o “Dia de Ênfase Contra o Abuso e a Violência”.

“Quebrando o Silêncio” já abordou a violência que é cometida contra as mulheres, as crianças e, mais recentemente, contra os idosos. Agora, em 2001, a ênfase é sobre Bullying, este mal que deve ser evitado em nossos lares, comunidades e escolas.

Dentre as iniciativas para levar a cabo a campanha, está a preparação de uma série de materiais de apoio. Dentre eles, de 2002 a 2011, destacamos a elaboração de 1 milhão e 530 mil revistas “Quebrando o Silêncio”, 1 milhão e 430 mil revistas para o público infantil, além de folhetos, panfletos e folders que totalizaram 9 milhões de unidades.

Fora este material impresso centenas de programações são realizadas como palestras, passeatas, visitas a autoridades públicas, grandes concentrações em estádios e outros eventos que são frutos da criatividade dos organizadores.

Inúmeros órgãos públicos espalhados em diversas cidades sul-americanas têm dado seu apoio para a campanha. São Prefeituras, Câmaras Municipais, Conselhos Tutelares, Polícia Militar, Delegacias da Mulher, Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente, Conselho do Idoso, além de outros órgãos de proteção social.

É, sem dúvida, uma campanha que chega no momento certo. A sociedade vivencia estarrecida o que as estatísticas comprovam. Basta de silêncio, vamos dizer não à violência!


Fonte: http://quebrandoosilencio.org/a-campanha/

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Especialistas ressaltam papel da família contra o bullying


Para celebrar a Semana da Família, instituída no município de Campo Grande por meio da Lei Municipal nº 4.832/10, a Pastoral Familiar da igreja São João Bosco promoveu na noite desta segunda-feira (22) um Painel que abordou o seguinte tema: “O papel da Família no Combate ao Bullying” . O ciclo de palestras contou com a participação de diversos especialistas que esclareceram diferentes pontos sobre o bullying, orientando pais e educadores sobre como lidar com a ocorrência de bullying no ambiente escolar.

A psicóloga Maria Helena Quilião, disse que a pior face do bullying encontra-se, especialmente, entre os meninos. “A prática pode deixar cicatrizes profundas, nas vítimas , provocando homicídio ou suicídio. A pessoa perde o gosto pela vida, apresenta fobia e queda de rendimento escolar”, alertou Maria Helana Quilião.


A Juíza da Vara de Infância e Juventude, Dra. Katy Braun, enfatizou que é preciso que os pais estejam atentos ao dia a dia dos seus filhos. “Tenham a responsabilidade de observar a rotina dos seus filhos. Se o material escolar desaparece, livros rasgados isso pode ser indícios de bullying”, alertou Dra. Katy Braun.


Para a advogada Dra Dalva Gomes Sampaio , as famílias devem pautar a educação dos seus filhos na religiosidade para que a sociedade possa ter indivíduos mais humanos e sensíveis. “Todos precisam da nossa ajuda e em especial da igreja. Sempre tem uma família do nosso lado que está desestruturada, vamos dar mais amor aos nossos filhos, pois todas as crianças são vítimas [bullying] , inclusive o agressor”. “Com a autoestima abalada a criança perde o interesse de ir a escola. Os pais precisam ensinar para os filhos os princípios da palavra de Deus e cultivar a humildade nos relacionamentos, cultuar a paz,”observou o vereador e membro da Comissão Permanente de Educação e Desporto da Câmara Municipal, Herculano Borges ao fazer seu pronunciamento.


Autor da Lei que institui a Semana da Família, na Capital, o vereador e presidente da Câmara Municipal, Paulo Siufi tem lutado em todas as esferas para eliminar a prática do bullying entre estudantes e por isso tem incentivado a realização de debates, ciclo de palestras em todas as unidades escolares do município. “A família é a base da sociedade. A Semana da Família é uma lei de minha autoria para que tivéssemos palestras, debates e tem o objetivo de demonstrar para a sociedade que a família exerce influência decisiva na formação do indivíduo, e deve ser valorizada. A Lei de combate ao bullying fiz junto com a vereadora profª Rose para, justamente evitarmos tragédia como a que aconteceu em Realengo. Nós em algum dia na vida já passamos por bullying, ou como vítimas ou como agressores, o problema é que muitas vezes as autoridades demoram para colocar em prática a Lei. Só se forma uma sociedade justa, igualitária quando há ensinamentos baseados nos mandamentos de Deus”, disse Siufi.


A Lei nº 4.965/11, que institui a “Semana de Combate ao Bullying” no município de Campo Grande e a Lei nº 4.854/10, que dispõe sobre a inclusão de medidas de conscientização, prevenção e combate ao “Bullying” escolar no projeto pedagógico elaborado pelas Escolas Municipais de Campo Grande são de autoria do parlamentar Paulo Siufi e da vereadora prof Rose.




sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Mitos e verdades sobre o "bullying"

Muitos são os mitos criados sobre o Bullying. A expressão, que delimita uma parte da violência escolar, além de estrangeira (diferente para nós), é, de certa forma, recente.

De origem inglesa, o Bullying (do verbo to bully, que significa "ameaçar, amedrontar, intimidar") representa tanto a violência escolar física como a verbal. Não se trata de fenômeno inédito (ora, violência no âmbito escolar sempre existiu!), a diferença é que apenas recentemente a prática passou a ser estudada com maior afinco [01], resultando em pesquisas internacionais e nacionais.

São estudos e pesquisas que desmistificam muitas falácias populares. Como, por exemplo, a ideia mais errônea e corriqueira: "Os Estados Unidos é o país que mais contém vítimas de Bullying". Errado!

Embora sejam os Estados Unidos os principais responsáveis pela epidemia de ataques às escolas na década de 90 (com destaque especial para o "massacre em Columbine"), bem como os maiores produtores de filmes, séries e propagandas que evidenciam o Bullying, não é ele o país com maior número de vítimas deste fenômeno, tão pouco com maior número de Bullies (ou seja, de agressores).

Foi o que revelou a pesquisa internacional realizada pela OECD - Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (entre crianças e adolescentes de 11 a 15 anos), divulgada em 29/04/09.

Surpreendentemente, é a Turquia que se destaca em 1º lugar no ranking mundial de países com maior número de vítimas, (28,7% dos alunos disseram sofrer Bullying), enquanto que a Grécia ocupa também a 1ª colocação mundial, mas no que diz respeito ao número de bullies (28,3% dos estudantes assumiram que praticam esta agressão escolar).

São índices elevadíssimos, quando comparados com a média mundial: 12,1% entre os meninos e, 9,8% entre as meninas (faixa etária pesquisada: de 11 a 15 anos).

Os próprios Estados Unidos, na 10ª posição do ranking, não obtiveram índices tão acentuados como a Turquia e a Grécia, assemelhando-se à média mundial, ou seja, 14,4% de seus alunos foram vítimas de Bullying e 12,3% assumiram ser Bullies.

Além desse, outros mitos são costumeiros, como a falsa impressão do local onde o Bullying é mais frequente. Não, o assédio escolar não ocorre preponderantemente em corredores ou áreas com supervisão adulta mínima ou inexistente.

Os dados da pesquisa nacional, ONG PLAN 2009 demonstram que as práticas do Bullying acontecem justamente nos locais mais visíveis a docentes e funcionários da escola, exatamente onde tais autoridades deveriam ser mais eficientes: salas de aula e pátio.

Isto mesmo, o estudo esclareceu que 21,5% das agressões ocorrem dentro da sala de aula e 7,9% no pátio dos colégios. Já os espaços de pouca visibilidade, como os banheiros e corredores, são pouco citados, cerca de 1,5% e 5,3%, respectivamente. Justamente o oposto do que se acreditava.

Daí a necessidade, a importância de pesquisas e estudos sobre o tema. São dados e esclarecimentos como estes que contribuem para uma melhor compreensão sobre o fenômeno Bullying e a gravidade desta agressão escolar.

De outra forma, o tema é banalizado, chegando às mais infelizes conclusões: "Bullying é brincadeira de criança/adolescente, não passa de uma grande bobagem". Cuidado, não é!

Recente estudo americano constatou que 87% dos ataques e tiroteios em escolas no mundo (foram analisados os 66 casos entre 1966 a 2011) tiveram como causa o Bullying (matéria divulgada pelo Jornal Estado de São Paulo, em 16/04/11).

Ou seja, de brincadeira o Bullying não tem nada. Este fenômeno é sério, grave e exige a atenção e planos de ação da sociedade como um todo. Mãos à obra, desmitificar é só o começo.

Fonte: http://jus.uol.com.br/revista/texto/19787/mitos-e-verdades-sobre-o-bullying

 
 

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Bullying está presente em todas as escolas

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Fonte: Ministério da Educação
 
Em todo o mundo, as taxas de prevalência de bullying revelam que entre 5 a 35% dos alunos estão envolvidos no fenômeno
 
Insultos, intimidações, apelidos cruéis e constrangedores, gozações que magoam profundamente, acusações injustas, atuação de grupos que infernizam, hostilizam e ridicularizam a vida de outro ou outros alunos, levando-os à exclusão, causando danos físicos, psíquicos, morais e materiais, são algumas das manifestações do comportamento bullying, definiu Cleodelice Aparecida Zonato, doutora em Ciências da Educação pela Universidade de Ilha Balleares, Espanha.
 
Trata-se de um problema mundial, encontrado em todas as escolas, que vem se disseminando largamente nos últimos anos e que só recentemente vem sendo estudado em nosso país, explica Aparecida. Em todo o mundo, as taxas de prevalência de bullying, revelam que entre 5 a 35% dos alunos estão envolvidos no fenômeno.
 
No Brasil, através de pesquisa que realizamos, em estabelecimentos públicos e privados, com um universo de 1.761 alunos, comprovamos que 49% dos estudantes estão envolvidos no fenômeno. Desses, 22% figuravam como “vítimas”; 15% como “agressores” e 12% como “vítimas-agressoras”, comentou.
 
Família e Escola

Segundo o professor Ruy Oliveira, coordenador geral da APLB – Sindicato, o problema é complexo e para tentar resolver é necessário a interação entre família e escola. Iniciando esse processo, a APLB está distribuindo 50 mil cartilhas que explicam o que é bullying, suas características, consequências, diferença entre agressões praticadas por meninos e meninas etc.
 
Segundo o professor Ruy, o grande problema já constatado é que muitos pais não sabem e nem conhecem a palavra bullying. Um termo anglo-saxônico, sem equivalência na língua portuguesa. Aí é preciso esclarecer os pais. O outro grande problema, diz: é que, nós, professores, também não temos formação correta para trabalhar a situação. Mesmo assim, estamos estudando o assunto e agindo, na medida do possível, dentro do contexto social.
 
Segundo a psicóloga, Maria Cândida Benício, as causas desse tipo de comportamento abusivo são inúmeras e variadas. Ela diz que pode ser provocada por carência afetiva, ausência de limites e ao modo de afirmação de poder e de autoridade dos pais sobre os filhos, que, muitas vezes incluem na Educação maus-tratos físicos e explosões emocionais violentas.


Um estudo feito pela psicóloga mostrou que 80% daqueles estudantes classificados como “agressores”, atribuíram como causa principal do seu comportamento, a necessidade de reproduzir contra outros os maus-tratos sofridos em casa ou na escola. Segundo a psicóloga, o bullying sempre existiu.
 
No entanto, o primeiro a relacionar a palavra a um fenômeno foi Dan OLweus, professor da Universidade da Noruega. Ao estudar as tendências suicidas entre adolescentes no fim da década de 70, o pesquisador descobriu que a maioria desses jovens tinha sofrido algum tipo de ameaça e que, portanto, o bullying era um mal a combater.
 
Desinteresse pela escola
Além do bulling, o professor ainda tem que se preocupar com o tráfico de drogas, que rondam as escolas, com roubos e agressões a professores. Tudo isso, hoje em dia, faz parte do universo violento que tomou conta das escolas, comentou Ruy Oliveira.
 
Preocupado com esta situação, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação está propondo a realização de um seminário nacional que discuta amplamente o problema e apresente propostas de ações preventivas, explicou Oliveira.
 
Na realidade, temos que agir e rápido, o fenômeno vem se espalhando com consequências graves porque promove, no âmbito escolar, o desinteresse pela escola, o déficit de concentração e aprendizagem, a queda do rendimento escolar, o absentismo e a evasão escolar.
 
Em Salvador, as escolas que apresentam casos mais consistentes são as escolas situadas nos bairros do Calabar, Nordeste de Amaralina e no subúrbio ferroviário, embora este seja um fenômeno que ronda todas as escolas, tanto públicas quanto privadas.
 
No âmbito da saúde física e emocional o bullying promove a baixa na resistência imunológica e na autoestima, o stress, os sintomas psicossomáticos, transtornos psicológicos, a depressão e pode levar até ao suicídio. Recentemente, relembrou, no Colégio Américo Tanure em Juazeiro, um menino de 11 anos foi agredido por 14 colegas. Ele foi “eleito” pelo grupo. Isso não é novidade.
 
Os “agressores” sempre elegem suas vítimas. O alvo costuma ser crianças retraídas, tímidas, com baixa autoestima. Por essas características, é difícil esse jovem conseguir reagir. E, é aí que entra a questão da repetição, tornando-se bullying. No caso de Juazeiro, a violência foi grave e o garoto quer mudar de colégio.
 
Relações respeitosas

Ruy Oliveira considera que é papel da escola construir uma comunidade na qual todas as relações sejam respeitosas. Não adianta pensar que o fenômeno bullying só é problema dos educadores quando ocorre do portão para dentro. Deve-se conscientizar os pais e os alunos sobre os efeitos das agressões fora do ambiente escolar, como na internet, por exemplo. Para ele, a intervenção da escola também precisa chegar ao aluno espectador, o agente que aplaude a ação do autor.
 
O papel do professor é fundamental. Ele pode identificar os autores do bullying: espectadores e alvos. Claro, diz ele, que existem as brincadeiras entre colegas no ambiente escolar. Mas, é necessário distinguir o limiar entre uma piada aceitável e uma agressão. Isso não é tão difícil como parece. Basta o professor se colocar no lugar da vítima.
 
O apelido é engraçado? Mas como eu me sentiria se fosse chamado assim?. Ao surgir uma situação em sala de aula, a intervenção deve ser imediata.
 
Promotores da Infância e Juventude de São Paulo elaboraram um anteprojeto de lei que tipifica o bullying como crime e fixa pena de um a quatro anos de reclusão, além de multa. Isto, no caso do agressor ser maior de idade. No caso de menores, a proposta do Ministério Público deve estar de acordo com os ditames do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
 
Antes de seguir para o Congresso o anteprojeto deverá ser submetido à aprovação da Promotoria da Infância e Juventude. Ruy Oliveira considera que apenas punir, na forma da lei, aqueles que expuserem outra ou outras pessoas, intencional e reiteradamente a constrangimento, não colocará um ponto final na história, mas, certamente já é um primeiro passo e, digo mais, um dos mais importantes.
 
Autor deve ensinar a recuperar os valores

Todo ambiente escolar pode apresentar esse problema. “A escola que afirma não ter bullying ou não sabe o que é ou está negando sua existência”, diz o pediatra Lauro Monteiro Filho, fundador da Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência (Abrapia).
 
O primeiro passo, diz ele, é admitir que a escola é um local passível de bullying. Deve-se também informar professores e alunos sobre o que é o problema e deixar claro que o estabelecimento não admitirá a prática.
 
“A escola não deve ser apenas um local de ensino formal, mas também de formação cidadã, de direitos e deveres, amizade, cooperação e solidariedade”. Agir contra o bullying é uma forma barata e eficiente de diminuir a violência entre estudantes e na sociedade, afirma o pediatra.
 
Já Aramis Lopes, presidente do Departamento Científico de Segurança da Criança e do Adolescente da Sociedade Brasileira de Pediatria considera que a escola não pode legitimar a atuação do autor da agressão nem humilhá-lo ou puni-lo com medidas não relacionadas ao mal causado, como proibi-lo de frequentar o intervalo, por exemplo. Em sua opinião, o foco deve se voltar para a recuperação de valores essenciais, como o respeito pelo que o alvo sentiu ao sofrer a violência.
 
Já o alvo precisa ter a autoestima fortalecida e sentir que está em um lugar seguro para falar sobre o ocorrido. “Às vezes, quando o aluno resolve conversar, não recebe a atenção necessária, porque a escola não acha o problema grave e deixa passar”.
 
Existe uma cultura de violência que se dissemina entre as pessoas. Podemos disseminar uma contracultura da paz. “Se conseguirmos implantar nos corações das crianças as sementes da paz – solidariedade, tolerância, respeito ao outro e o amor – poderemos vislumbrar uma sociedade mais equilibrada, justa e pacífica. Construir um mundo de paz é possível”, conclui Aramis. 

Fonte: http://www.christus.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=1214

Mais de um terço dos professores são vítimas de bullying virtual





Engana-se quem pensa que o bullying virtual – o cyberbullying – é um abuso que acontece apenas contra crianças e jovens. Agora, nem os professores estão escapando dos insultos virtuais. E o mais impressionante é que as agressões não vêm apenas dos estudantes, mas dos pais também.

Um novo estudo realizado na Inglaterra descobriu que mais de um terço dos professores tem sido vítimas do cyberbullying. A maior parte dos abusos, 72%, veio através dos alunos, mas mais de um quarto foi iniciado pelos pais.

No total, 35% dos professores entrevistados disseram já ter sido vítimas de cyberbullying, dentre os quais 60% eram mulheres. 

A maior parte das agressões acontece nas redes sociais. Alguns grupos foram criados no Facebook, por exemplo, especificamente para unir críticas e ofensas a professores. Em alguns casos, estudantes postaram vídeos de professores no YouTube, ou colocaram comentários degradantes em sites voltados para estudantes darem notas aos professores (como o ratemyteachers.com).

Os pais responderam por 26% dos comentários abusivos na internet. Muitas vezes, eles iniciaram campanhas negativas na web contra outros alunos também. 

Casos de crianças que sofrem bullying online são bastante conhecidos e só agora o abuso contra os professores nas redes sociais está recebendo atenção, pois é um problema crescente. O custo humano de tudo isso é alto. 300 professores vítimas de cyberbullying foram entrevistados, e relatos de problemas psicológicos e tendências suicidas foram comuns.

Esse novo fenômeno ilustra bem a nova visão que os pais estão tendo sobre a escola e os professores – que muitas vezes são tratados como mercadorias ou objetos que devem ser essencialmente produtivos. O professor já não é visto como alguém que deve ser apoiado para o desenvolvimento da educação, e as queixas dos pais são cada vez mais comuns (bem como o sentimento de que seus filhos podem tudo).
Algumas redes sociais resolveram combater a situação. O Facebook oferece dicas para professores e promete responder a denúncias de assédio moral dentro de 24 horas. “Essas discussões online são um reflexo do que está acontecendo offline”, afirmou um porta-voz do Facebook. [BBC]

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Conheça os diversos tipos e saiba como identificar e tratar o Bullying.
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O número de casos de violência nas escolas aumenta a cada ano. Dentre esses casos, destaca-se o Bullying, que é o conjunto de atividades repetitivas, adotadas por um ou mais alunos contra outro(s), causando dor, angústia e sofrimento.

Apesar de toda a repercussão e de alguns casos evidenciando este tipo de violência, o Bullying ainda é visto como brincadeira de criança. É importante, porém, salientar que este comportamento não deve ser considerado de tal forma. O Bullying pode causar graves transtornos mentais e de personalidade em suas vítimas.

Além de estar presente em grande parte das escolas, o Bullying também pode ser encontrado dentro do contexto familiar e no ambiente de trabalho, entretanto, muitas pessoas não sabem como reconhecer e lidar com esse problema.

O Curso de Bullying traz informações necessárias para que você consiga identificar este fenômeno que sempre existiu, mas que atualmente vem ganhando proporções assustadoras, tornando-se objeto de estudos no mundo inteiro. Durante o curso, você conhecerá os diferentes tipos de Bullying, como o homofóbico, ciberbullying, religioso, entre outros.

  • Saiba como identificar e tratar casos de Bullying;
  • Conheça qual é o papel da família, da escola e da sociedade na prevenção do Bullying.
  • Aprenda a criar um projeto antibullying;
O curso é útil tanto para os educadores, que convivem com o problema diariamente, quanto aos pais, que devem ficar atentos ao menor sinal de Bullying para que possam proteger e orientar seus filhos.
Aprenda tudo por meio de vídeo-aulas dinâmicas e interativas, com um tutor virtual, exemplos e exercícios. Você também pode baixar as apostilas do curso para arquivar e/ou imprimir. Ao final, receba o seu Certificado de Conclusão em casa, sem custo adicional.


Este curso online conta com:
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Os principais tópicos do Curso de Bullying são:
 
Unidade 1 – Abordagem Inicial
  • O que é Bullying
  • Causas e origens do Bullying
  • Consequências Psicológicas e Comportamentais
  • Como identificar o Bullying
  • Os personagens de Bullying
  • Tipos de Agressão (física ou moral)
  • Diferença entre o bullying praticado por meninos e meninas
Unidade 2 – Os dilemas e rumos da juventude contemporânea
  • A influência da educação na juventude contemporânea
  • Educação Antiga X Educação Atual
  • A influência da tecnologia
  • A influência das amizades
  • Os perigos na juventude
  • A educação e o jovem do futuro
  • Conclusão do Módulo I
Unidade 3 – Diferentes Faces e Ambientes do Bullying
  • Bullying na família
  • Bullying no trabalho
  • Bullying e as diferenças religiosas
  • Bullying nos relacionamentos
  • Bullying homofóbico
  • Ciberbullying
Unidade 4 – Como combater o Bullying 
  • Prevenção de Bullying
  • O papel da família
  • O papel da escola
  • O papel da sociedade
  • Instituições na luta antibullying
  • Sucesso e reconhecimento dos que superaram bullying
Unidade 5 – Compartilhando sobre o Bullying 
  • Referências mundiais sobre o Bullying
  • Outros casos de Bullying
  • Criando um projeto antibullying
  • Uma aula sobre Bullying
  • Filmes que abordam o Bullying
  • Vídeos sobre o Bullying
  • Músicas sobre o Bullying
  • Considerações Finais
  • Conclusão do Curso
  • Anexos
  • Bibliografia


Fonte: http://www.cursos24horas.com.br/cursos/bullying/



quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Iprede promove palestra "Bullying- saber como identificar e prevenir"

 

Ele é autor do livro "O que é Bullying", que apresenta uma reflexão sobre as práticas familiares, a convivência escolar, as influências positivas e negativas na sociedade.

 



O palestrante é o pediatra Aramis Antônio Lopes Neto , que é autor do livro "O que é Bullying", que apresenta uma reflexão sobre as práticas familiares, a convivência escolar, as influências positivas e negativas na sociedade



O Instituto de Promoção da Nutrição e do Desenvolvimento Humano (Iprede) promove no próximo dia 19 de agosto de 2011 (sexta-feira), às 18h30min,  a palestra "Bullying- saber como identificar e prevenir", no auditório Celina Queiroz, da Universidade de Fortaleza.
A palestra, cujo programa vai abordar o bullying entre crianças e adolescentes, bem como definições, causas e consequências, será ministrada pelo pediatra e presidente do Departamento Científico de segurança da Criança e do Adolescente da Sociedade Brasileira de Pediatria, Aramis Antônio Lopes Neto.
Ele é autor do livro "O que é Bullying", que apresenta uma reflexão sobre as práticas familiares, a convivência escolar, as influências positivas e negativas na sociedade. Ao longo do livro, Dr. Aramis Lopes Neto aponta as causas e consequências , traça o perfil dos agressores, observadores e vítimas do bullying e alerta para os desafios que a sociedade têm que enfrentar para combater este tipo de violência nas escolas.
Bullying é um termo cada vez mais presente nos meios de comunicação e também nas rodas de conversas sociais. Apesar de ser um termo novo, trata-se de uma prática antiga. Bullying vem da palavra inglesa  bully, que significa tirano, valentão, brigão e é usado para expressar atos de violência física, verbal ou moral praticado nas escolas.
O evento é voltado para estudantes e profissionais da área da educação e saúde, pais, bem como  pessoas interessadas no assunto. O ingresso para estudantes custa R$15,00 ou R$ 35,00 com o livro e para profissionais R$ 30,00 ou R$ 50,00 com o livro.
O evento acontece com o apoio da Universidade de Fortaleza (Unifor),  Brasiliense  e Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura.

SERVICO: Palestra "Bullying- saber como identificar e prevenir"
Data: 19 de agosto de 2011
Horário: 18h30min
Local: Auditório Celina Queiroz, da Universidade de Fortaleza (Unifor)
Informações: (85) 3218.4038/4036 iprede@iprede.org.br

 Fonte: http://www.antonioviana.com.br/2009/site/ver_noticia.php?id=79879



segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Justiça restaurativa é alternativa para lidar com bullying


Na visão de pesquisadores, evitar medidas socioeducativas convencionais e punitivas nesse tipo de caso mostra resultados mais positivos 


São Paulo – Um grupo de estudantes e professores de uma escola da capital paulista, descontentes com o comportamento agressivo de um aluno, solicitou à direção que organizasse um encontro entre os colegas de classe, os pais e até os avós do jovem, para uma conversa de esclarecimento.
O que pareciam atitudes gratuitas tinham, como pano de fundo,  a própria vida do protagonista dos atos violentos, filho de casal separado, que cresceu sem contato com o pai. A conversa sincera e aberta teve um caráter catártico e até terapêutico, que permitiu a reorganização do núcleo familiar e até mesmo a reaproximação com os colegas.

A história, narrada por Neemias Prudente, membro e fundador do Instituto Brasileiro de Justiça Restaurativa (IBJR), é um caso bem sucedido do tipo de intervenção buscado pela organização. Trata-se de um grupo de advogados voltada ao estudo de temas de Direito comparado e políticas públicas na área de cidadania e justiça.

Prudente explica que a forma como se conduz a situação é determinante para que o agressor não volte a cometer as agressões. "A justiça restaurativa é a oposição à justiça tradicional, porque trabalha com a reconstrução das relações", conceitua. "Todos têm voz – vítima, infrator e a comunidade – e participam do processo restaurativo e do seu resultado. A vítima percebe a reparação do dano e o agressor tem a oportunidade de restaurar o dano ao máximo, de mudar de comportamento, e ambos de restabelecerem relações."

Diferentemente das medidas socioeducativas convencionais, nas quais a finalidade é punir, a justiça restaurativa tem o intuito de promover uma reflexão sobre a atitude e a agressividade. Por isso, a prática pode ser crucial para lidar com casos de bullying (assédio moral, físico ou psicológico) no espaço escolar. A justiça restaurativa já é aplicada em algumas capitais, como Brasília e São Paulo. Na cidade de Campinas, interior paulista, já foi aplicada com sucesso em mais de 50 casos.

Esse tipo de situação, segundo pesquisadores, costuma estar mais associada a problemas sociais ou de relacionamento; não precisa ser entendido como crime. Uma das situações mais recorrentes de prática de bullying é protagonizada por crianças que vivem situações traumatizantes no ambiente familiar, o que inclui serem vítimas ou testemunhas de violência doméstica.

Análise feita pela pesquisadora Fernanda Pinheiro, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), no interior de São Paulo, aponta que entre as meninas vítimas de assédio moral nas escolas, 14% eram ou foram agredidas em casa ou estariam presentes durante episódios de violência entre membros da família, contra 7,5% dos meninos. Os responsáveis pelas agressões eram os pais com 60% dos casos, contra 85% dos casos em que as vítimas contaram ter sido agredidas pela mãe. Ainda segundo a pesquisa, a probabilidade de um aluno ser alvo ou ator de bullying triplica se houver agressão por parte da mãe e quadriplica se tiver sido vítima do pai.

Formação

A conscientização da problemática do bullying é um dos objetivos da psicóloga Ana Carina Stelko Pereira, doutoranda pela UFSCar, que em parceria com o Laboratório de Análise e Prevenção da Violência (Laprev) daquela instituição apresentou uma série de materiais ao Ministério da Educação (MEC). Ela defende a necessidade de preparo para os docentes lidarem com a questão. Um livro, um vídeo e um folder tratam de alertar para formas de prevenção do bullying nas escolas. A expectativa é de que o folder seja aprovado pelo MEC até o fim do ano.

De acordo com Ana Carina, a necessidade de capacitar professores decorre da ausência de preparo para lidar com questões como o assédio moral e a violência entre alunos. "Há uma falha na pedagogia, que não permite que o professor discuta questões relacionadas a direitos humanos. Não há espaço para um diálogo entre o professor e os colegas sobre os problemas de cada sala de aula", analisa.


Fonte:
 http://www.redebrasilatual.com.br/temas/cidadania/2011/08/justica-restaurativa-e-alternativa-para-lidar-com-bullying

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Projeto nacional orienta sobre bullying e abuso sexual infantil

Dados da pesquisa Bullying escolar no Brasil, publicada em 2010 pela ONG Plan Brasil, mostram que no país cerca de 70% dos estudantes dizem já terem presenciado cenas de violência em suas unidades de ensino. Ainda de acordo com o levantamento, quase metade dos estudantes do Sudeste do País (47%) já viu algum colega sofrer bullying, definido como uma agressão feita de forma sistemática, praticada pelo menos três vezes contra a mesma pessoa num mesmo ano. Em 2011, o projeto Quebrando o Silêncio, realizado pelos adventistas do sétimo dia em todo o Brasil, vai conscientizar adultos, jovens, crianças e adolescentes sobre os riscos dessa prática. E conta com a participação da Rede de Educação Adventista, composta de mais de 150 mil alunos no Brasil e mais de 270 mil na América do Sul, que inclusive, em algumas unidades, estão trabalhando o tema em sala de aula sob o aspecto da prevenção. 

É a décima edição da iniciativa que envolve órgãos governamentais, igrejas, escolas e a sociedade civil organizada. Mais de 570 mil revistas com linguagem apropriada para o público infantil serão distribuídas em todos os estados. A história principal da revistinha leva o sugestivo título de Respeito é bom e nós gostamos e aborda o constrangimento pelo qual passa uma estudante. Há jogos educativos, também, que ajudam a tratar do problema sob a ótica infantil. 

Wiliane Marroni, coordenadora do projeto Quebrando o Silêncio, explica que a versão da revista direcionada aos adultos possui artigos sobre abusos sexuais infantis e como é possível identificar problemas com os pequenos. “Principalmente no mês de agosto, teremos várias ações de conscientização sobre os problemas decorrentes da violência praticada contra crianças. Nossa intenção é alertar as pessoas sobre a necessidade de as famílias denunciarem os abusadores e, também, aproveitamos para orientar sobre o bullying, um problema cada vez mais frequente nas escolas”, comenta. 

Saiba mais sobre esse projeto, seus principais resultados e os materiais da campanha através do site
www.quebrandoosilencio.org. (felipe.lemos@adventistas.org.br)

Fonte: http://www.paranashop.com.br/colunas/colunas_n.php?op=especial&id=31283

Tentativa de diálogo


Segundo pesquisador, as manifestações de indisciplina no âmbito da escola podem ser sinalizações de que os jovens almejam novas regras e maneiras de relacionar-se, mais flexíveis e próximas ao mundo contemporâneo 
 
 
Poucos temas têm mobilizado tanto a atenção dos professores da Educação Básica como o da disciplina. O tema aparece frequentemente recolocado sob novas roupagens ou questões correlatas, como o bullying ou mesmo a violência física. A sensação, contudo, é que não há avanço, ou pior, há retrocesso. Para Joe Garcia, pesquisador e professor de Pós-Graduação da Universidade de Tuiuti, no Paraná, há uma combinação de mensagens antigas com expressões novas - e continua em pauta o que classifica de esvaziamento do papel da escola, tensões de convivência e uma crise moral. Na entrevista a seguir, concedida ao repórter Paulo de Camargo, Garcia, um dos conferencistas mais requisitados quando o assunto é indisciplina escolar e autor do livro Escritos sobre o currículo escolar (Editora Iglu, 2010), expõe suas ideias sobre o tema. Para ele, há avanços - entre eles, o fato de que a discussão rompeu os muros da escola. Segundo argumenta, o ambiente complexo das escolas de hoje está originando "um professor diferente, assim como outras crenças, outras rotinas, outras identidades". Contudo, alerta, os educadores ainda precisam se abrir mais para as novas formas de diálogo do mundo contemporâneo. A questão da educação moral vem sendo recolocada nas escolas e na mídia nos últimos anos sob diferentes perspectivas. Já se focou a questão da indisciplina, da violência física e a bola da vez parece ser o bullying. Trata-se de algo novo ou apenas tiramos de debaixo do tapete questões antigas? A escola possui um "tapete" muito antigo e extenso. Sob ele, há muito a resolver. De todos os problemas ali guardados, o bullying veio à luz apenas há poucas décadas. É uma forma complexa de violência, que permaneceu muito tempo oculta em função do modo desatento como os educadores há séculos observam a relação entre alunos na escola. Já a indisciplina é um problema reconhecido pelos professores há muito mais tempo. Quando olhamos para todos esses problemas, sob uma perspectiva atual, vemos uma combinação de mensagens antigas sob expressões novas. A comunicação paralela em sala de aula através de gadgets modernos e o ciberbullying refletem, na verdade, velhas questões sobre o esvaziamento do papel da escola, apontam tensões de convivência e uma certa crise moral. Assim, entre as soluções atuais, está a educação moral, que é importante, mas pensar a indisciplina apenas sob essa perspectiva é desonerar outras fontes daquele problema.

A seu ver, estamos avançando em algum sentido?

Vejo diversos avanços. Talvez o mais evidente resida no aumento da percepção social sobre os problemas que ocorrem dentro dos muros da escola. A indisciplina hoje é um tema de interesse mundial e não mais um assunto de sala dos professores somente. Quanto ao diálogo nas escolas, também avançou. Há 50 anos, não seria possível debater com liberdade temas tais como sexualidade, política e drogas. Mas existem avanços a realizar. Sob diversos aspectos, a escola é um ambiente de interação defasado em relação às possibilidades de diálogo deste século. Olhemos, por exemplo, a sutil revolução que está ocorrendo nas redes sociais, em relação às quais a escola está ainda adormecida.

A questão da formação do professor é um impedimento para o avanço nessa compreensão mais ampla das relações humanas vividas nas escolas?

Nos currículos de formação inicial de professores, nas licenciaturas, há um certo silêncio em relação à questão da indisciplina e violência nas escolas. Nas universidades, não estamos preparando os futuros professores para alguns dos principais desafios da profissão. Parece persistir a crença de que docentes bem preparados são aqueles que dominam conteúdos e métodos de ensino. Em complemento, a formação continuada, em serviço, também apresenta viés. Um estudo publicado recentemente pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revelou que embora o número de dias anuais supostamente dedicados ao desenvolvimento profissional dos professores brasileiros seja compatível com o padrão das nações industrializadas, as estratégias mais exploradas são pouco efetivas para promover mudanças. É preciso alterar as práticas de formação. Enquanto isso, os professores, mesmo sabendo o que e como ensinar, nem sempre conseguem ser efetivos em sala de aula - o que requer também saber lidar com a indisciplina.

O senhor acredita em soluções que não incluam mudanças de postura de toda a escola? Ou, em outras palavras, a evolução nas questões ligadas à qualidade do convívio prospera, se forem iniciativas apenas do professor em sala de aula?

Tenho acompanhado pesquisas sobre essas questões em diversos países. As soluções mais promissoras seguem o que se poderia denominar de abordagem global ou ecológica, que compreende a escola como um todo. Ainda precisamos da força intelectual e moral dos professores, mas estes precisam atuar em uma escola onde exista uma visão compartilhada, uma cultura e ambiente que sustentem suas práticas pedagógicas, ou que as recuse quando não forem compatíveis com um projeto coletivo. Mas as abordagens globais também são interessantes pelo papel ativo que atribuem aos alunos na construção do ambiente de convivência na escola. Também estes precisam desejar e contribuir na construção de uma escola mais interessante para todos.

As questões que o senhor ouve dos professores em suas palestras vêm mudando ao longo do tempo?

Atuo em processos de formação de professores desde o início dos anos 1990. Guardei muitos registros de diálogos com professores e observei alguns fatos interessantes. Nestes 20 anos, constatei uma mudança na leitura dos problemas de indisciplina na escola, na direção de uma melhor crítica e consciência social. Hoje, parece menos complicado aos professores reconhecer e conversar sobre os problemas de convivência em suas salas de aula. Mas aquilo que mais se destaca em meus dados reside na transformação do conteúdo das queixas em relação ao tempo na profissão. Os professores mais experientes acumulam mais tempo de exposição a conflitos e isso parece influenciar a leitura que fazem dos alunos, da escola e de si mesmos. O ambiente atual das escolas, complexo e muitas vezes conflituoso, está originando um professor diferente, assim como outras crenças, outras rotinas, outras identidades.

No caso específico do bullying, não lhe parece mais uma dessas palavras mágicas que de repente parecem explicar tudo?

O termo bullying expressa um fenômeno complicado, uma categoria de violência capaz de afetar profundamente o ambiente e a aprendizagem escolar. É uma palavra mais trágica do que mágica! É muito interessante observar que o bullying foi "descoberto" nos países escandinavos, onde justamente se acreditava que a educação estava mais resolvida no final do século passado. Em paralelo à consciência sobre esse problema, veio a percepção de que não estávamos tão atentos à qualidade das relações humanas na escola. Mas a solução não reside em maior controle social, e sim em melhor coexistência. Outro aspecto interessante é que o bullying descreve um desequilíbrio nas relações de poder. Parece ironia, mas esse fenômeno expressa uma mensagem clara sobre as relações em toda a sociedade do século passado.

Qual é a relação entre ambiente escolar e qualidade de ensino? Cuidar melhor da convivência não é também uma forma de melhorar a aprendizagem?

Desejamos, há séculos, melhorar o desempenho dos estudantes. Essa tarefa, no entanto, vai além de estimular avanços nas práticas de ensino. Há dois fatores principais a considerar que sustentam ou impedem a aprendizagem: a cultura e o clima da escola. Esses dois aspectos estão diretamente relacionados à qualidade da convivência. Alguns estudos sobre rendimento escolar e convivência na escola revelam que a aprendizagem em sala de aula decai em função da indisciplina, mesmo quando o desempenho dos professores é avaliado positivamente pelos alunos. Esse é o retrato do Brasil, segundo os dados do Pisa, na última década.

A TV e a internet têm algum papel nisso tudo? As relações virtuais levam a um enfraquecimento das relações humanas?

Há estudos que apontam a influência da mídia, incluindo a internet, como uma das principais causas indiretas de problemas de indisciplina nas escolas. A mídia claramente afeta não somente hábitos de consumo, mas a formação de valores e estilos de vida que se apresentam em sala de aula. Mas penso que ainda é cedo para entendermos toda a extensão das relações virtuais sobre o ambiente de aprendizagem na escola. E certamente não há apenas aspectos negativos a considerar. O fluxo de informações nas redes sociais torna possível uma percepção global sem precedentes. Isso pode mesmo levar a um fortalecimento da consciência e relações sociais, quando, por exemplo, as pessoas se engajam na luta por direitos humanos, na proteção do planeta ou em campanhas que tornam visíveis abusos e injustiças sociais.

Quais são os passos iniciais que o senhor sugere para educadores que vivem às voltas com os problemas da disciplina? O que é possível fazer já?

Gostaria de destacar duas ideias. Uma muito antiga e outra mais recente. No século 17, [o educador tcheco] Jan Amos Comenius escreveu que a disciplina na escola, embora necessária, não teria a força para inspirar os alunos a aprender. Seria a qualidade do ensino o elemento capaz de inspirar, ou não, os alunos. Penso que, sob essa abordagem, a indisciplina deveria ser interpretada mais como necessidade de avançar nas experiências de aprendizagem do que no controle do comportamento dos alunos. Essa é uma ideia antiga, mas ainda valiosa. Professores considerados bem-sucedidos em suas escolas me sugeriram que a indisciplina seria um modo de os alunos forçarem a escola na direção de uma abertura. A indisciplina refletiria a distância entre a forma pouco flexível e cheia de regras como eles aprendem na escola e o modo flexível e de regras mínimas como eles aprendem no mundo. Tais ideias sugerem a combinação de um currículo que seja fonte de inspiração, em uma escola que apresente regras mínimas para a aprendizagem.
 
 
Fonte: http://revistaeducacao.uol.com.br/textos.asp?codigo=13177