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quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Bullying está presente em todas as escolas

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Fonte: Ministério da Educação
 
Em todo o mundo, as taxas de prevalência de bullying revelam que entre 5 a 35% dos alunos estão envolvidos no fenômeno
 
Insultos, intimidações, apelidos cruéis e constrangedores, gozações que magoam profundamente, acusações injustas, atuação de grupos que infernizam, hostilizam e ridicularizam a vida de outro ou outros alunos, levando-os à exclusão, causando danos físicos, psíquicos, morais e materiais, são algumas das manifestações do comportamento bullying, definiu Cleodelice Aparecida Zonato, doutora em Ciências da Educação pela Universidade de Ilha Balleares, Espanha.
 
Trata-se de um problema mundial, encontrado em todas as escolas, que vem se disseminando largamente nos últimos anos e que só recentemente vem sendo estudado em nosso país, explica Aparecida. Em todo o mundo, as taxas de prevalência de bullying, revelam que entre 5 a 35% dos alunos estão envolvidos no fenômeno.
 
No Brasil, através de pesquisa que realizamos, em estabelecimentos públicos e privados, com um universo de 1.761 alunos, comprovamos que 49% dos estudantes estão envolvidos no fenômeno. Desses, 22% figuravam como “vítimas”; 15% como “agressores” e 12% como “vítimas-agressoras”, comentou.
 
Família e Escola

Segundo o professor Ruy Oliveira, coordenador geral da APLB – Sindicato, o problema é complexo e para tentar resolver é necessário a interação entre família e escola. Iniciando esse processo, a APLB está distribuindo 50 mil cartilhas que explicam o que é bullying, suas características, consequências, diferença entre agressões praticadas por meninos e meninas etc.
 
Segundo o professor Ruy, o grande problema já constatado é que muitos pais não sabem e nem conhecem a palavra bullying. Um termo anglo-saxônico, sem equivalência na língua portuguesa. Aí é preciso esclarecer os pais. O outro grande problema, diz: é que, nós, professores, também não temos formação correta para trabalhar a situação. Mesmo assim, estamos estudando o assunto e agindo, na medida do possível, dentro do contexto social.
 
Segundo a psicóloga, Maria Cândida Benício, as causas desse tipo de comportamento abusivo são inúmeras e variadas. Ela diz que pode ser provocada por carência afetiva, ausência de limites e ao modo de afirmação de poder e de autoridade dos pais sobre os filhos, que, muitas vezes incluem na Educação maus-tratos físicos e explosões emocionais violentas.


Um estudo feito pela psicóloga mostrou que 80% daqueles estudantes classificados como “agressores”, atribuíram como causa principal do seu comportamento, a necessidade de reproduzir contra outros os maus-tratos sofridos em casa ou na escola. Segundo a psicóloga, o bullying sempre existiu.
 
No entanto, o primeiro a relacionar a palavra a um fenômeno foi Dan OLweus, professor da Universidade da Noruega. Ao estudar as tendências suicidas entre adolescentes no fim da década de 70, o pesquisador descobriu que a maioria desses jovens tinha sofrido algum tipo de ameaça e que, portanto, o bullying era um mal a combater.
 
Desinteresse pela escola
Além do bulling, o professor ainda tem que se preocupar com o tráfico de drogas, que rondam as escolas, com roubos e agressões a professores. Tudo isso, hoje em dia, faz parte do universo violento que tomou conta das escolas, comentou Ruy Oliveira.
 
Preocupado com esta situação, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação está propondo a realização de um seminário nacional que discuta amplamente o problema e apresente propostas de ações preventivas, explicou Oliveira.
 
Na realidade, temos que agir e rápido, o fenômeno vem se espalhando com consequências graves porque promove, no âmbito escolar, o desinteresse pela escola, o déficit de concentração e aprendizagem, a queda do rendimento escolar, o absentismo e a evasão escolar.
 
Em Salvador, as escolas que apresentam casos mais consistentes são as escolas situadas nos bairros do Calabar, Nordeste de Amaralina e no subúrbio ferroviário, embora este seja um fenômeno que ronda todas as escolas, tanto públicas quanto privadas.
 
No âmbito da saúde física e emocional o bullying promove a baixa na resistência imunológica e na autoestima, o stress, os sintomas psicossomáticos, transtornos psicológicos, a depressão e pode levar até ao suicídio. Recentemente, relembrou, no Colégio Américo Tanure em Juazeiro, um menino de 11 anos foi agredido por 14 colegas. Ele foi “eleito” pelo grupo. Isso não é novidade.
 
Os “agressores” sempre elegem suas vítimas. O alvo costuma ser crianças retraídas, tímidas, com baixa autoestima. Por essas características, é difícil esse jovem conseguir reagir. E, é aí que entra a questão da repetição, tornando-se bullying. No caso de Juazeiro, a violência foi grave e o garoto quer mudar de colégio.
 
Relações respeitosas

Ruy Oliveira considera que é papel da escola construir uma comunidade na qual todas as relações sejam respeitosas. Não adianta pensar que o fenômeno bullying só é problema dos educadores quando ocorre do portão para dentro. Deve-se conscientizar os pais e os alunos sobre os efeitos das agressões fora do ambiente escolar, como na internet, por exemplo. Para ele, a intervenção da escola também precisa chegar ao aluno espectador, o agente que aplaude a ação do autor.
 
O papel do professor é fundamental. Ele pode identificar os autores do bullying: espectadores e alvos. Claro, diz ele, que existem as brincadeiras entre colegas no ambiente escolar. Mas, é necessário distinguir o limiar entre uma piada aceitável e uma agressão. Isso não é tão difícil como parece. Basta o professor se colocar no lugar da vítima.
 
O apelido é engraçado? Mas como eu me sentiria se fosse chamado assim?. Ao surgir uma situação em sala de aula, a intervenção deve ser imediata.
 
Promotores da Infância e Juventude de São Paulo elaboraram um anteprojeto de lei que tipifica o bullying como crime e fixa pena de um a quatro anos de reclusão, além de multa. Isto, no caso do agressor ser maior de idade. No caso de menores, a proposta do Ministério Público deve estar de acordo com os ditames do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
 
Antes de seguir para o Congresso o anteprojeto deverá ser submetido à aprovação da Promotoria da Infância e Juventude. Ruy Oliveira considera que apenas punir, na forma da lei, aqueles que expuserem outra ou outras pessoas, intencional e reiteradamente a constrangimento, não colocará um ponto final na história, mas, certamente já é um primeiro passo e, digo mais, um dos mais importantes.
 
Autor deve ensinar a recuperar os valores

Todo ambiente escolar pode apresentar esse problema. “A escola que afirma não ter bullying ou não sabe o que é ou está negando sua existência”, diz o pediatra Lauro Monteiro Filho, fundador da Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência (Abrapia).
 
O primeiro passo, diz ele, é admitir que a escola é um local passível de bullying. Deve-se também informar professores e alunos sobre o que é o problema e deixar claro que o estabelecimento não admitirá a prática.
 
“A escola não deve ser apenas um local de ensino formal, mas também de formação cidadã, de direitos e deveres, amizade, cooperação e solidariedade”. Agir contra o bullying é uma forma barata e eficiente de diminuir a violência entre estudantes e na sociedade, afirma o pediatra.
 
Já Aramis Lopes, presidente do Departamento Científico de Segurança da Criança e do Adolescente da Sociedade Brasileira de Pediatria considera que a escola não pode legitimar a atuação do autor da agressão nem humilhá-lo ou puni-lo com medidas não relacionadas ao mal causado, como proibi-lo de frequentar o intervalo, por exemplo. Em sua opinião, o foco deve se voltar para a recuperação de valores essenciais, como o respeito pelo que o alvo sentiu ao sofrer a violência.
 
Já o alvo precisa ter a autoestima fortalecida e sentir que está em um lugar seguro para falar sobre o ocorrido. “Às vezes, quando o aluno resolve conversar, não recebe a atenção necessária, porque a escola não acha o problema grave e deixa passar”.
 
Existe uma cultura de violência que se dissemina entre as pessoas. Podemos disseminar uma contracultura da paz. “Se conseguirmos implantar nos corações das crianças as sementes da paz – solidariedade, tolerância, respeito ao outro e o amor – poderemos vislumbrar uma sociedade mais equilibrada, justa e pacífica. Construir um mundo de paz é possível”, conclui Aramis. 

Fonte: http://www.christus.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=1214

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